quarta-feira, 16 de abril de 2008

Por que o Relativismo?

É bastante comum hoje em dia encontrarmos dentre os intelectuais acadêmicos, principalmente nas ciências humanas, aqueles que se dizem relativistas. Comum tambem são as criticas à esses por sua posição na mairo parte das vezes politicamente incomoda, alem da critica comumente afiada sobre os mais diversos assuntos. Mas porque o Relativismo? Porque essas pessoas nao se tornaram niilistas ou adotaram qualquer outra corrente filosófica? As raízes deste fenômeno é melhor compreendida quando se observa a condição do conhecimento na sociedade moderna.

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O relativismo (por alguns chamado de ceticismo), é a reação filosófica à não-existência do conhecimento absoluto, pois observa-se que "(...) uma crença nas conclusões da ciência, enunciadas de modo razoável embora limitado, envolve uma preferência por algumas conclusões metafísicas sobre outras" (Keynes, 1981). Keynes era contemporâneo de Wittgenstein, um dos maiores filósofos do século, que tambem apontava que todo conhecimento possui um princípio de crença (Malcon, 1986), .
Bem, se seguirmos por esse rumo observamos que todo conhecimento levado à sua máxima profundidade cai em sistemas de crença passiveis de questionamento, e para solucionar isso, adotamos níveis de profundidade aceitos socialmente para que possamos ignorar este ponto e seguirmos adiante fazendo ciência e promovendo desenvolvimento humano.

Dessa forma, o relativismo adota a posição na qual se tudo é questionável, nada é absoluto, criando em si um confronto ético e moral. Já que se responde à magna questio da ética - o que devo fazer? com a amoral resposta - faça o que quiser. Esta estrutura simples de raciocínio tenta se defender dessa forma da dogmatização secular, assumindo ao mesmo tempo humildade e prepotência, ao concordar respectivamente com a inoperância do cérebro humano com o conhecimento disposto e tambem com a própria inspiração do filósofo relativista em si que se coloca à parte das verdades dispostas pela sociedade, e não raro, a concepção intuitiva desse binômio se confunde na mente daquele que analisa de forma relativista o mundo. Podemos às vezes confundir a certeza prática, presa à classe de crenças em que é racional agir com a maior confiança, e a mais integralmente objetiva certeza da lógica.

"A aceitação de um conhecimento parcial e não necessariamente verdadeiro como atributo racional da espécie humana tem implicações abrangente. A começar por uma tomada de decisão cética, ainda que se trate de um ceticismo muito menos reducionista que o de Hume e que a rigor nunca se desfaz de um otimismo de inspiração prática ou pragmática." (Schwartz, 2000)

David Hume, ao argumentar sobre o que seria este ceticismo citado, nos fala que tanto podemos em ficções da nossa mente ao analisar fatos por diferentes prismas quanto podemos incluirnos na realidade atraves de ferramentas não lógicas. "Assim é que também no caso da probabilidade podemos acreditar que nossos juízos possam penetrar o mundo real, aidna que suas credenciais sejam subjetivas." (Hume, 1999) Max Weber argumentava que a ciência é verdade para todos que querem a verdade, por mais diferente que sejam as análises geradas por ponto de vistas culturais diferentes, elas sempre serão cientificamente verdadeiras, enquanto não refutadas (Weber,1988) .
Já Nieztche afirmava que "o mundo para nós tornou-se novamente infinito no sentido de que não podemos negar a possibilidade de se prestar a uma infinidade de interpretações." (Nieztche,1986) assim como asinalou Foulcalt, "se a interpretação nunca se pode completar, é porque simplesmente não há nada a interpretar... pois no fundo, tudo já é interpretação" (Foulcalt,2001)

A quantidade de filósofos que poderiam ser citados excederiam os limites do tamanho desse post, mas com base nos citados podemos observar que as raizes do crescente relativismo na sociedade moderna está em duas frentes:

1. Na quantidade vertiginosa de informação (insumo do conhecimento) em circulação que nos disponibiliza diferentes prismas e nos pressiona quanto às nossas verdades e,

2. Nas incontáveis falhas históricas de diversas formas de pensamento, principalmente nas complexas ciências humanas, como as correntes marxistas e neo-liberais de interpretação social.

Ambos os pontos citados nos levam á observação de que à medida que sociedades humanas fracassam na solução de suas mais latentes mazelas, como a pobreza, a desigualdade e a violência, mais o homem contemporâneo duvida de si próprio, e do acumulo de conhecimento do qual dispõe, para lidar com os problemas da humanidade. É uma espécie de pessimismo orwelliano no qual não se sabe para que lado correr uma vez que inúmeras alternativas são dadas, e inúmeros exemplos de fracasso sao contemplados.

Dessa forma, o intelectual contemporâneo, mesmo engajado na mudança para um mundo melhor, sente-se muitas vezes obrigado a não assumir uma posição inequívoca sobre qualquer tema global, a não ser a um nível de crença ou de análise superficial. O que nos leva a crises éticas profundas como a separação entre produção e poluição, emprego e alienação, egoísmo ambiental, e até mesmo a simples indiferença de poderosos perante a infelicidade alheia. Ao que se o observa, a própria capacidade do homem de gerar conhecimento é a mesma que lhe limita na construção social do ponto de vista ético e moral, e as raízes do crescente relativismo (posição comôda para alguns e inevitável para outros, como esse que vos escreve) tornam-se então claras a olho nu.
Perante tais pontos, e diante das pressões materiais do dia-a-dia, que posição deve então o intelectual contemporâneo assumir? Se alguer tiver alguma resposta por favor nos diga, afinal, toda resposta é relativamente válida...
disponível em http://novosfilosofos.blogspot.com

terça-feira, 15 de abril de 2008

Aparentemente não sou o único...

A falar em crise within the next 100 years (Stephen Hawking at TED)

E a nova palestra do Al Gore, dizendo até coisas que já saíram da minha boca..! Lembrei da Luiza quando ele falou sobre otimismo. :P

E em breve de volta a CG!