quarta-feira, 26 de março de 2008

DINHEIRO VIRANDO FUMAÇA

DINHEIRO VIRANDO FUMAÇA
(artigo publicado no jornal Correio do Estado, 25/3/08, p. 2a)
Sônia Hess (professora da UFMS)


Há previsões de que, neste ano, o período de estiagem vai ser longo, nas regiões centro-oeste e sudeste. Então, no outono e inverno deverá haver muita fumaça no ar, proveniente de queimadas em áreas urbanas ou rurais. Na mesma época, um grande número de crianças adoecerá e deverá ser registrado um número superior ao normal, de óbitos devidos a problemas respiratórios e cardiovasculares, incluindo, infarto, acidentes vasculares (derrames) e crises de hipertensão. Tudo isto já é esperado por cientistas e autoridades, porque muitos estudos científicos já comprovaram que a poluição do ar mata milhares de pessoas, todos os anos, também no Brasil. Mas, há fatos novos que poderão levar a uma rápida mudança nesta trágica tradição.

O elevado custo da energia elétrica, bem como a escassez de lenha proveniente de fontes legalizadas, tem forçado os empresários a buscarem novos combustíveis para alimentarem as caldeiras industriais. Por isso, quando os pecuaristas queimam as pastagens, para que o novo pasto possa crescer, estão perdendo dinheiro, porque a palha seca poderia ser cortada e vendida a indústrias, como combustível. Mesmo que o pecuarista não acredite, o novo pasto deverá crescer, já que o sol poderá alcançar o solo. Ou, se ainda quiser insistir na tradição, ele poderá queimar o pouco que restar do capim seco depois da poda, causando bem menos poluição. Dependendo do tamanho da propriedade rural, e se esta estiver de acordo com a legislação ambiental, a substituição da queima pela poda do capim seco poderá render, inclusive, dividendos provenientes da comercialização de créditos de carbono.

Nas plantações de cana-de-açucar, se o proprietário não quiser, ou não for possível adotar o corte totalmente mecanizado, a queima da palha poderá ser substituída pela sua poda, empregando-se maquinário portátil semelhante àquele utilizado na limpeza de gramados e jardins. Todo o material cortado poderá ser utilizado como combustível em caldeiras, rendendo lucros para os donos de canaviais e para o poder público, ao evitar-se os custos associados ao tratamento médico dos trabalhadores do setor sucroalcooleiro e da população, que adoeceriam devido à exposição aos poluentes liberados durante a queima da cana.

Nas carvoarias, a contínua exposição à fumaça causa severos danos à saúde dos trabalhadores e dos moradores das vizinhanças. Por isso, o Ministério Público do Trabalho e outros órgãos governamentais deveriam exigir a substituição dos fornos atualmente em funcionamento por outros sistemas de produção de carvão vegetal, em que os gases gerados durante o processo fossem capturados e tratados de forma adequada, como já vem ocorrendo em diversos locais. Inclusive, é interessante destacar que tal procedimento geraria lucros secundários para o dono da carvoaria, uma vez que a fumaça contém componentes que, após tratamento, podem ser utilizados como matérias-primas industriais como, por exemplo, aromatizantes de alimentos.

Nas áreas urbanas, ao invés de queimar ou encaminhar ao lixo os resíduos provenientes da limpeza de terrenos e quintais, os proprietários poderiam: depois da secagem e retirada de restos de solo, vendê-los a alguma indústria (padarias, inclusive), para servirem como combustíveis; ou, se a quantidade for pequena, reservá-los em um canto do terreno, misturá-los (se possível) com resíduos de cozinha (somente vegetais) e, depois de molhar e revirar uma vez por semana, obter um excelente adubo, após aproximadamente três meses.

Portanto, resta-nos torcer para que estas notícias se espalhem. Quem sabe, então, neste outono e inverno poderemos ver nossas crianças e idosos respirando aliviados, saudáveis, ao mesmo tempo em que lucros possíveis vão se concretizar, parando de "virar fumaça".

terça-feira, 25 de março de 2008

Profetas do Apocalipse (ou aquecimento global)

Ao longo da história observamos muitos profetas do apocalipse, alguns com um número incontável de apóstolos, sendo o mais famoso deles Karl Marx. Porem, duvidoso é o resultado de suas palavras quanto à mudança do futuro que anteviam.


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“Desde os tempos do Antigo Testamento que pregar o caos iminente conquista muitos seguidores. As pessoas, ignorantes acerca de um futuro desconhecido e muitas vezes até imprevisível, ficam facilmente impressionadas com as previsões catastróficas de certos “especialistas”. Creio que isso explica muito da fama de um Nostradamus, por exemplo. Entre os ambientalistas, vemos muitos alarmistas desse tipo atualmente. No mercado financeiro não é diferente, e muitos são os estrategistas que conquistam a atenção do público – e seu dinheiro – pela insistente previsão de uma grande crise iminente. Ora, é preciso lembrar que até mesmo um relógio quebrado irá acertar as horas duas vezes por dia” (Constantino, 2008)


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Quantos aos ambientalistas eu realmente não acredito na estratégia apocalíptica para mobilizar as massas, pois como a mesma história nos ensina, não existem grandes mobilizações antes que as instituições desmoronem. Afinal, o que se esperar depois que as pessoas entendam que estão em rota de colisão? Talvez pânico. Pessoas precisam ser lideradas (me desculpem os sociólogos libertários mas isso é real), e se simplesmente jogarmos o problema na frente delas elas simplesmente correm para um lado e para o outro batendo a cabeça ou vão fazer o mais provável, ignorar o problema. A mensagem de Marx, por mais latente que fosse, fora ignorada por décadas ate que alguns líderes as resolvesse por em prática pela ação política na Rússia (se deu certo ou não são outros “quinhentos”)


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Bem, e o que os ambientalistas devem fazer então? O meu voto de economista é mirar as instituições através de uma estratégia lúcida, e não escatológica. Mudanças desse porte são graduais, e dependem da quebra de uma série de paradigmas embutidos nas cabeças dos ouvintes, e devemos aceitar que não seremos nós quem irá fazer nem presenciar as mudanças, mas aqueles que virão depois de nós. Afinal, se queremos fazer alguma coisa com pressa, temos que fazê-la com calma...


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Mesmo porque, para muitos o fim do mundo ja chegou, ou se chegasse nao seria de todo ruim, afinal, se metade do mundo nao tem o que comer, por que entao se preocupariam com o planeta esquentando? Não vivemos num mundo igualitário, mas devemos pensar melhor nossas estratégias.


quarta-feira, 5 de março de 2008

Sustentabilidade do que?

Se existir uma lista dos cinco tópicos mais trabalhados entre os intelectuais da atualidade, provavelmente encontraria-mos o termo "sustentabilidade". O que não dá pra encontrar é uma linha de pensamento que defina com clareza e autenticidade o que seja tal termo. Boas intenções existem aos montes, e realmente soa prepotente da minha parte fazer uma acusação tão global, mas, à luz da teoria econômica que acessei nos ultimos cinco anos pode-se dizer que, quando se fala em sustentabilidade, o buraco é mais embaixo.
A primeira linha de pensamento a ser combatida é daqueles que enxergam no sistema capitalista o grande vilão. "Tá" certo que o sistema é excludente, opressor, injusto, e por ai vai... mas ele é genuinamente humano. É o produto quase que irremediavel do conjunto das ações humanas na busca pela reprodução da sua existência. Acusar o sistema pela condição do planeta, é acusar a própira história humana como um todo desde períodos pré-paleolíticos, e de certa forma acusar a própria natureza por sua cicatriz. Neste momento do meu discurso, vozes inflamadas de sociológos e ambientalistas em geral devem se levantar, eu as entendo...rs
No entanto, é óbvio que não pode existir uma mudança siginificativa sem a alteração dos nossos padrões materiais de vida, mas será que queremos mudar nossos padrões materiais de vida? Nas minhas contas, mais de 80% dos ambientalistas que conheço já vivem acima do que o planeta suportaria se todos vivessem como eles. A condição financeira que lhes deu a condição para que enxergassem a real situação do planeta é a mesma que lhes acomodou em suas confortaveis casa, carros, e escritorios bem montados, cujos quais, mesmo que nas mais sustentaveis das arquiteturas, estão acima dos padrões que o planeta suportaria se todos vivessem como tal.
Logo, caimos num ponto crucial, os ambientalistas lutam por um planeta melhor do ponto de vista físico, mas o quanto realmente estao preocupados com a questão social das classes que compôem este mesmo planeta? Será que a maioria destes não estao preocupados com o planeta porque se preocupam com a sua vida e seu estilo de vida que estão ameaçados? Se nao houvesse o aquecimento global, teriam uma causa pela qual lutar? Que se continue a preocupação mais que justificada com o planeta, mas o quão complexa é realmente a questão que o envolve?
Abraço a todos, Gabriel Leão
disponivel tambem em http://novosfilosofos.blogspot.com

Mais uma de alta de petróleo...rs

O preço do barril de petróleo bateu um novo recorde nesta quarta-feira em Nova York ao fechar em mais de US$ 104, devido a uma redução imprevista dos estoques nos Estados Unidos e de uma queda do dólar. No New York Mercantile Exchange (Nymex), o baril "light sweet" para entrega em abril fechou em US$104,52, um recorde absoluto que corresponde a um aumento de US$ 5 em relação à sessão de terça-feira.Durante o pregão de hoje, o preço do barril chegou a US$ 104,64, um número nunca visto até agora."Uma redução dos estoques de bruto americanos associada a um dólar fraco são os fatores que empurram os preços para novos recordes", explicou Eric Wittenauer, analista do gabinete A. G. Edwards.As reservas de bruto caíram 3,1 milhões de barris na semana passada nos Estados Unidos, primeiro consumidor mundial de energia, enquanto que os analistas apostavam num aumento de 2,4 milhões de barris.O dólar caiu para US$ 1,53 por um euro nesta quarta-feira, um número sem precedentes desde o lançamento da moeda única, em 1999.De um modo geral, a queda do dólar torna o petróleo mais barato e atrai os investidores de países com moedas mais fortes, resumiram os analistas.A tensão atual entre a Colômbia e a Venezuela também é um fator que provoca o aumento dos preços do petróleo, segundo o analista Phil Flynn, da Alaron Trading."A mobilização atual das tropas venezuelanas na fronteira colombiana é um elemento que vai alimentar, no curto prazo, o aumento dos preços do petróleo", afirmou.
Qualquer semelhância entre a noticia aqui postada e as controversas visões de algum analista de bolsa será um acidente, porque geralmente eles não conseguem enxergar o que está por trás destas constantes notícias.
abraço a todos, Gabriel Leão

domingo, 2 de março de 2008

Curso sobre Créditos de Carbono Em Campo Grande

Curso sobre Créditos de Carbono em Campo Grande

http://www.creams.org.br/novo/index.php?pag=evento_crea_completa.php&codigo=252

Galera, segue link no site do CREA-MS sobre este treinamento que estará sendo realizado em Campo Grande, sobre Aquecimento Global e Créditos de Carbono.