terça-feira, 30 de outubro de 2007

Ciência e consciência

Artigo publicado na página 3 do Primeiro Caderno da Folha de São Paulo, domingo, 28 de outubro.

Abç!

JACQUES D'ADESKY

O CIENTISTA James Watson, co-descobridor da estrutura do DNA e ganhador do Nobel de Medicina, afirmou recentemente ser "inerentemente pessimista em relação ao futuro da África" porque "todas as nossas políticas sociais são baseadas no fato de que a inteligência deles é igual à nossa, quando todos os testes dizem que não é bem assim". Ainda que James Watson tenha procurado desmentir suas declarações, ele não foi o primeiro cientista de renome a se equivocar sobre o caráter hereditário da inteligência. O biologista austríaco Konrad Lorenz, Nobel de Medicina em 1973, havia aderido ao nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. O físico americano William Shockley, laureado com o Nobel em 1956, usou sua notoriedade para sustentar teses sobre a desigualdade das raças, chegando a propor a criação de um banco de espermas de cientistas com vistas a fecundar mulheres dotadas com alto quociente intelectual (QI). Tais evidências nos levam a ponderar que mesmo os mais brilhantes cientistas nem sempre conseguem escapar aos preconceitos e outras crenças irracionais. Ninguém pode viver enclausurado em seu laboratório, criando ao redor de si um mundo à parte. Sejamos cientistas, políticos, religiosos ou pessoas ordinárias, refletimos a sociedade em que vivemos e manifestamos, por vezes abertamente, os nossos preconceitos. Contribuímos dessa maneira para alimentar estereótipos de toda sorte: os paulistas pensam somente no trabalho; os cariocas vivem na praia; os baianos são lerdos e preguiçosos.
Afirmações racistas e tendenciosas, quando veiculadas por eminentes cientistas, se revestem de maior importância, mesmo que desprovidas de comprovação. Numa primeira instância, podem influenciar outros cientistas, condicionando opiniões e influenciando linhas de pesquisa. Adicionalmente, por partirem de um meio em que se espera responsabilidade na formulação de hipóteses e rigor na comprovação de teses, acabam por ter um forte impacto na opinião pública, criando a ilusão de que constituem verdades absolutas. O incidente relatado pela Folha mostra a necessidade de dar maior espaço à formação científica humanista, em que a pesquisa multidisciplinar permite alargar o horizonte do conhecimento. Watson aprenderia assim que a pesquisa jamais é neutra, pois nunca se realiza em uma torre de marfim, livre de qualquer determinação. Compreenderia que o trabalho científico é conduzido por homens e mulheres que não têm como fazer abstração de suas bagagens afetivas, sociais, históricas e culturais. Não se trata de negar que os genes estão ligados à nossa capacidade intelectual. O que se deve observar é que não existe um gene único, isoladamente relacionado à inteligência, mas um grande número de genes que interagem, de forma estreita e constante, com o meio socioeducativo e cultural. Trabalhando com o método científico de comprovação empírica dos fatos, é possível verificar que a inteligência não se restringe à capacidade específica de um indivíduo para resolver testes de QI, em geral inadequados para pessoas ou grupos vivendo fora do mundo ocidental. Se relacionarmos o conceito de inteligência à capacidade de adaptação a um meio ambiente inóspito, como o deserto do Saara, poderemos constatar que os ocidentais terão dificuldades, enquanto os tuaregues do deserto estarão em melhor situação, tendo em vista sua capacidade em se adaptar ao calor, assim como os inuits, que exibem grande maestria em buscar soluções criativas para garantir sua sobrevivência sob temperaturas extremamente baixas. A ciência sem consciência foi a principal responsável pela elaboração das teorias racistas durante cerca de três séculos, durante os quais se justificou as ações do colonialismo, escravidão, apartheid e holocausto. Afirmações racistas e tendenciosas, quando veiculadas por eminentes cientistas, se revestem de maior importância, mesmo que desprovidas de comprovação. Numa primeira instância, podem influenciar outros cientistas, condicionando opiniões e influenciando linhas de pesquisa.
Adicionalmente, por partirem de um meio em que se espera responsabilidade na formulação de hipóteses e rigor na comprovação de teses, acabam por ter um forte impacto na opinião pública, criando a ilusão de que constituem verdades absolutas. O incidente relatado pela Folha mostra a necessidade de dar maior espaço à formação científica humanista, em que a pesquisa multidisciplinar permite alargar o horizonte do conhecimento. Watson aprenderia assim que a pesquisa jamais é neutra, pois nunca se realiza em uma torre de marfim, livre de qualquer determinação. Compreenderia que o trabalho científico é conduzido por homens e mulheres que não têm como fazer abstração de suas bagagens afetivas, sociais, históricas e culturais. Não se trata de negar que os genes estão ligados à nossa capacidade intelectual. O que se deve observar é que não existe um gene único, isoladamente relacionado à inteligência, mas um grande número de genes que interagem, de forma estreita e constante, com o meio socioeducativo e cultural. Trabalhando com o método científico de comprovação empírica dos fatos, é possível verificar que a inteligência não se restringe à capacidade específica de um indivíduo para resolver testes de QI, em geral inadequados para pessoas ou grupos vivendo fora do mundo ocidental.
Se relacionarmos o conceito de inteligência à capacidade de adaptação a um meio ambiente inóspito, como o deserto do Saara, poderemos constatar que os ocidentais terão dificuldades, enquanto os tuaregues do deserto estarão em melhor situação, tendo em vista sua capacidade em se adaptar ao calor, assim como os inuits, que exibem grande maestria em buscar soluções criativas para garantir sua sobrevivência sob temperaturas extremamente baixas. A ciência sem consciência foi a principal responsável pela elaboração das teorias racistas durante cerca de três séculos, durante os quais se justificou as ações do colonialismo, escravidão, apartheid e holocausto.
Felizmente, ciência e racismo não estão hoje inelutavelmente entrelaçados. A análise do genoma humano confirma, ao mesmo tempo, a unicidade e diversidade da espécie humana. Os 6 bilhões de indivíduos que povoam o planeta possuem o mesmo patrimônio genético, com algumas ínfimas variações quantitativas, tênues e extremamente complexas. Do ponto de vista cultural, os grupos raciais resultam de uma idéia construída a partir de elementos que podem ser os traços físicos, mas também os costumes sociais. O aspecto mais ou menos escuro da pele depende de um pigmento, sempre presente, mas em quantidade variável no corpo humano. Do ponto de vista da genética, seria ilusório pretender estabelecer limites ou fronteiras entre as raças. O cientista com consciência sabe perfeitamente que somos todos humanos, demasiado humanos.
Felizmente, ciência e racismo não estão hoje inelutavelmente entrelaçados. A análise do genoma humano confirma, ao mesmo tempo, a unicidade e diversidade da espécie humana. Os 6 bilhões de indivíduos que povoam o planeta possuem o mesmo patrimônio genético, com algumas ínfimas variações quantitativas, tênues e extremamente complexas. Do ponto de vista cultural, os grupos raciais resultam de uma idéia construída a partir de elementos que podem ser os traços físicos, mas também os costumes sociais. O aspecto mais ou menos escuro da pele depende de um pigmento, sempre presente, mas em quantidade variável no corpo humano. Do ponto de vista da genética, seria ilusório pretender estabelecer limites ou fronteiras entre as raças. O cientista com consciência sabe perfeitamente que somos todos humanos, demasiado humanos.
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JACQUES EDGARD FRANÇOIS D'ADESKY , 58, graduado em ciências econômicas pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica), doutor em antropologia social pela USP, é pesquisador do Centro de Estudos das Américas da Universidade Cândido Mendes e coordenador do Programa Sul-Sul do Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais. É natural de Ruanda (África).

Como fazer seu próprio disfarce de espagueti voador

Seguir link, é em español mas serve!

http://roc21.blogspot.com/2007/10/cmo-hacer-un-disfras-del-espagueti.html

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Outra indicação Kennyana

A primeira foi a do Jobs há muuuuito tempo atrás. :P

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Flashback diariamente necessário

Steve Jobs e seu discurso de formatura para Stanfordonianos em 2005 (legendado em PT-BR).

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Nova modalidade esportiva de tiro (ao traficante)

Esse merece um "carái de asa" Kennyano!!!

Geradores de texto aleatórios

O Gabriel vai simplesmente adorar, o resto vai curtir! Eu me diverti com o Gerador de Discurso Prolixo! Testem!

Geradores de texto aleatórios

Stern Review - The Economics of Climate Change

Economics of Climate Change


The Stern Review on the Economics of Climate Change was launched on 30 October 2006. The Review, led by Prof Sir Nicholas Stern (Head of the Government Economic Service and former World Bank Chief Economist), is the most comprehensive ever undertaken on the economics of climate change.

Climate change research and projections undertaken by the Met Office Hadley Centre, provided the core scientific input to the Review.

The Review focuses on the impacts and risks arising from climate change, the costs and opportunities associated with tackling it, and the national and international policy challenge of moving to a low-carbon global economy.

The Stern Review shows that there are huge amounts of money at stake and that there is real potential in terms of what relevant climate research can do.

Read the Stern Review Report

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Palestra de quinta-feira - Primeiro emprego e a difícil escolha de uma profissão


Pessoal, conforme conversamos esta noite, vou dar a palestra na quinta-feira para cerca de 80 alunos do ensino médio no colégio Oswaldo Tognini.

Para isso, queria a ajuda de vocês para darem dicas de tópicos que posso extrapolar além dos que já abordei no mapa mental em anexo, mas também, imagens que representem os conceitos, idéias ou dados que estarei passando. Se tiverem algo, peço que me mandem por email!

E aproveito já para comentar para vocês sobre a ferramenta dos Mapas Mentais, o Renato me indicou este software "Mind Manager", que é fantástico para organizar o pensamento. Inclusive, em cima do arquivo do mapa mental ele já gera uma apresentação em power point (é o que farei neste caso), ou um arquivo do word (estou escrevendo artigos usando isto) com os tópicos que você define no mapa, além dos comentários para cada tópico.

Assim, durante a produção do material, você nunca perde a visão do todo do que está abordando!

sábado, 20 de outubro de 2007

Casa do Saber

Casa do Saber

Para quem não conhece, a Casa do Saber em Sampa. Vejam os títulos dos cursos, demais!!

E tem umas duas acadêmicas de Turismo na UCDB fazendo uma pesquisa se as pessoas teriam interesse em participar de um lugar como este. Já fiz contato por email, vamos aguardar a resposta das meninas!

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Top 50 Filmes de Distopias

Galera, esta é A LISTA de filmes para assistirmos:

http://snarkerati.com/movie-news/the-top-50-dystopian-movies-of-all-time/

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Nós podemos mudar

http://nospodemos.org.br/default.htm

Eles propõem a mudança Bottom-Up e Top-Down, passando para frente o que fora discutido na ONU como meta para 2015.

Alguma ação que esteja fora das 8 metas?

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Reunião de Hoje

Para aqueles de vocês que ainda não me passaram seus respectivos emails e portanto não receberam a confirmação da reunião, o esquema rola na minha casa hoje. Se você não souber onde é ligue para um dos comparsas!

The Great Global Warming Swindle swindle

Pra quem já viu, "high-five!", apesar de que se você não viu, não perdeu muito (fora reforçar o conceito de que quanto mais bonitos os gráficos e a produção mais se deve estar cético quanto à idéia defendida).

"UK viewers were treated the other night to a superficially impressive global-warming denialist documentary: The Great Global Warming Swindle . The programme was the work of Martin Durkin who has previous form for dodgy science documentaries. Medialens has a reasonably comprehensive account of the film’s reception and also gives an idea of the contents. See also George Monbiot in the Guardian and Steve Connor in the Independent. Central to the film was the testimony of the MIT oceanographer Carl Wunsch. Wunsch’s own account of how his material was edited and presented so as to give a misleading account of his actual views is here ."

Wunsch falou: "I should have never trusted Channel 4!"

Fonte

Desigualdade no MS

Texto do meu professor de Formação Economica do Brasil
Se o Mato Grosso do Sul se resumisse a um quarteirão onde vivessem somente 100 pessoas, haveria 51 pardos, 41 brancos, cinco negros e dois índios. Oitenta não teriam ligação de esgoto e nove não saberiam ler nem escrever. Dez moradores embolsariam 52 por cento da riqueza do quarteirão inteiro, enquanto os 40 mais pobres precisariam de um milagre (ou da sensibilidade do governo) para continuar vivendo com 17 por cento do dinheiro.
O lugar produziria alimentos em quantidade suficiente para exportar para os quarteirões vizinhos ou até mesmo para os bairros mais distantes, mas pelo menos um em cada cinco moradores não teria renda suficiente para fazer as três clássicas refeições de todo dia. Os dez mais ricos seriam donos de mil bois, mas a carne não estaria no cardápio regular dos vinte mais pobres. O quarteirão é fictício, mas a desigualdade não*.
(*) Baseado em dados fornecidos pelo IBGE e pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

sábado, 13 de outubro de 2007

New Economics Foundation

Dêem uma olhada nas publications desse think-tank britânico de slogan "Economics as if people and the planet mattered". Estou atualmente lendo os reports (e são MUITOS deles lá!) depois de ver a seguinte chamada:

Friday 05 Oct 2007 00:00 AM
The world moved into 'ecological overdraft' on Saturday, the point at which human consumption exceeds the ability of the earth to sustain it in any year and goes into the red, the New Economics Foundation think-tank said.

Ideias, somente ideias.... (resposta ao ultimo post)

Uhuu, finalmente consegui animar esse negocio!!. Respondendo...

1. Pelo amor de Deus (que alguns creem e outros nao), é óbvio que o que me assustou foi o Arnaldo Jabor, e como seus argumentos sao persuasivos, nao fique juntando partes do texto para criar outro contexto. Esse texto que postei eu ja vinha pensando a algum tempo, pois ja tinha lido o texto postado bem antes, so achei oportuno expor meu pensamento. E eu nao vou continuar essa discussão, esse blog é pra discutir ideias e nao pessoas.

2. Como nao ficou claro se o autor referido era eu ou o Jabor deixo claro que minha intenção era defender o ceticismo politico. Já o do Jabor eu coloquei no texto em questão (segundo meu ponto de vista).

3. Se Arnaldo esta realmente fora dessa logica me explique a sua aparição ontem no Jornal NAcional e no Jornal da Globo. Essa demissão a que se refere perdeu força, o seu texto (do Jabor, pra evitar paranoia) é um forte mecanismo ideologico porque o cara é famoso e mostra todo dia a cara no Jornal Nacional, o programa de maior audiencia da TV brasileira, ele nunca foi funcionario só da CBN, não sabemos o contexto no qual essa demissão ocorreu. Realmente seria estranho se depois desse texto ele sumisse da midia, será que ele perdeu ou ganhou mais força nos telejornais nos ultimos anos? obviamente ganhou, e será que isso foi por acaso?

Espero ter respondido, mas caso alguem queria citar meus textos faça de maneira abrangente, e nao recortando-os, por que nao gosto de ter minhas opiniões manipuladas.

Rodrigo, valeu pela leitura que fez, parabens.
Renato, ataquei o Jabor e nao voce.
Laudson, prometo tentar postar essa semana a continuação da "hipocrisia liberal".
Luisa, prometo levar suas revistas, foi mal, semana passada esqueci mesmo...rs


Abraço a todos, Gabriel Leão

Direto ao Ponto

TEXTO: "(...) o ultimo post do Renato me assustou (...) por uso de artifícios intelectuais que alguns dissidentes costumam se identificar. (...) O recado que deixo então é o seguinte: cuidado dissidentes, a alienação pode percorrer até as mais altas mentes..."

(FUVEST-2008) Segundo o autor Gabriel no Post Resposta a um Cineasta, infere-se que:

(a) Ao postar o texto Renato quis dizer que as opiniões dele se refletiram bem nas palavras de Jabor, e que tais opiniões assustaram Gabriel;
(b) O texto contido no post entitulado "Arnaldo Jabor expulso da CBN por causa do texto abajo" era de conteúdo assustador para Gabriel. (atenção ao título!)

(FUVEST-2008) Através do uso contínuo de linguagem ambígua e de uma pretensa lógica para justificar suas opiniões, qual seria a verdadeira intenção do autor ao escrever seu texto? (DISCURSIVA)

(FUVEST-2008) Levando-se em consideração que Arnaldo Jabor tenha sido mandado embora da Rádio CBN (uma rádio pertencente à Rede Globo de Comunicações, também dona do Jornal "O Globo" onde o mesmo trabalha há anos com colunas jornalísticas e aparições frequentes no Jornal Nacional), e que, como indica o autor na passagem:

"Não é claro que quase todos os mecanismos de mídia brasileira tem um projeto político claro e especifico, cada qual com sua própria verdade? Por que então Jabor estaria de fora dessa lógica?",

Explique a conexão lógica entre defender-se os interesses ideológicos de seu empregador e ao mesmo tempo conseguir desempregar-se através do mesmo.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Reforço a “Resposta a um Cineasta”

Gabriel, os intelectuais fazem isso mesmo (não que o Jabor seja intelectual): utilizam-se de todo seu arsenal para modificar “a seu favor” a percepção e a realidade das pessoas. Seu texto nada mais é que uma reação a essa tentativa de falsificação da realidade. Na verdade, a coisa fica feia quando um desses caras consegue aparecer com a cara (e a voz) na televisão; isso lhe confere alguns atributos: poder, divulgação, status e, claro, invariavelmente, aceitação por alguns de suas idéias. Sabe o que a ciência diz sobre a verdade? Que ela é criada apenas pelos jornalistas. O que ela faz (a ciência) é contribuir para o entendimento de perguntas sem respostas. A pesquisa não possui uma conclusão definitiva, pois dali partem milhares de outras conclusões; only another brick in the wall.

Quando Orwell diz “...perde a fé em si própria ou sua capacidade de governar com eficiência, ou ambas...” ele não se refere, na verdade, à sociedade como algo que pode tomar essa decisão, e sim a poucos homens ali de dentro que possuem capacidades (internas e externas (ex: tv)) de modificar aquela realidade e, decidem fazê-la. Imagine quando o sujeito (um intelectual, por exemplo) pensa e percebe: “Eu tenho o poder de fazer isso”. Golpe, revolução, insurreição, ordem e progresso... são alguns nomes que inventamos para essas situações. Se pensarmos bem, nos dias de hoje inclusive as classes baixas também podem chegar ao poder. O que é o Sr. Lula a não ser um mero produto dessa luta de classes?

Nessa lógica da luta entre as classes, podemos dizer que até as baboseiras ditas e escritas pelo nosso caríssimo cineasta têm seu valor: tentam sabotar e derrubar uma conjuntura política falida nas bases da ética, COMO TODAS AS OUTRAS!! Isso mesmo, eu tenho a impressão de que a falta de ética corre sério risco de ser substituída por aqueles que tentam modificar a realidade coletiva por interesses alheios. Alguém aqui já viu, na história do Brasil, algo diferente disso acontecer? É sempre assim! Já tem gente pensando: “Poxa, se até o PT, que sempre bradou pela mudança através de valores éticos, deixou essa peteca cair... agora num tem mais jeito!” Para mim, está clara a relação disso com o que Orwell disse 15/16 linhas atrás. Mudam-se as classes sim, mas o que fica no poder são sempre os valores que guiam a “casta superior”.

Pergunta: “O que então, meus Deus, acontece para que todos aqueles que ocupam o dito poder se inclinem a corrupção?” É, essa é a resposta que gostaríamos de ter! Matar todos instantaneamente e reformar profunda e completamente a política!! É meus amigos, ai seriam outros 500...
Prazer, sou Rodrigo o mais novo invasor do blog de vocês.

Reunião de Hoje

Aguardo vocês às 19 horas novamente!!! Aqui em casa!!

sábado, 6 de outubro de 2007

Algumas imagens que achei por ai que cairiam bem no concurso


















Resposta a um Cineasta

Vou direto ao ponto: o ultimo post do Renato me assustou. Não porque ataca um político especifico ou por que cita nomes diretamente, isso deve realmente ser feito. Assustou-me por que beira perigosamente o censo comum, por uso de artifícios intelectuais que alguns dissidentes costumam se identificar. O texto é maniqueísta, e está preso na velha política de “bonzinhos” e “mauzinhos”. Distorce a história para defender uma tese política.
Os economistas, assim como alguns cientistas sociais costumam temer o chamado jornalês. Aquela rebuscada fala que não carrega nada mais alem do que você quer escutar. Não que não existam ótimos jornalistas e péssimos cientistas sociais, no entanto, quando alguns desses profissionais resolvem se aventurar em análises que passam longe da sua capacidade teórica (Arnaldo Jabor é cineasta, CINEASTA!!)[1] os estragos costumam ser brutais. Pra construir sátiras este cineasta parece ser bom, mas a ciência política sofre nas suas palavras.
Destaco que não estou defendendo Lula ou FHC, os dois foram até o presente momento bons presidentes. Estou defendendo o ceticismo de análise, o afastamento do perigoso campo do censo comum, aquele no qual pretensos jornalistas e o seu João da padaria aqui da frente se aproximam. Ainda como pretenso historiador o Sr. Jabor coloca: “A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira”. Vamos tentar ser sensatos, primeiro que a definição de verdade é algo complicado, segundo que esta é uma característica política do mundo capitalista ou até mesmo dos períodos anteriores. Não estava claro em 1964 que os militares não iriam devolver o poder aos civis? Não estava claro que os militares prolongariam o poder até 1989 através de Sarney? Que a globo manipulou a eleição de Collor em 1989? Não é claro que quase todos os mecanismos de mídia brasileira tem um projeto político claro e especifico, cada qual com sua própria verdade? Por que então Jabor estaria de fora dessa lógica?
O cineasta é anacrônico, e analisa a historia através de um contexto atual, e faz-se porta voz de uma classe política e sócio-economica que por sinal tem seu próprio projeto político assim como todas as outras, e já que nosso falacioso cronista profanou a obra orwelliana, vale lembrar o que em "1984" Orwell falara desse ciclo político:

"Assim, por toda a história, trava-se repetidamente uma luta que é a mesma em seus traços gerais. Por longos períodos a Alta (classe alta) parece firme no poder, porém mais cedo ou mais tarde chega um momento em que ou perde a fé em si própria ou sua capacidade de governar com eficiência, ou ambas. É então derrubada pela Média, que atrai a Baixa ao seu lado, fingindo lutar pela liberdade e pela justiça. Assim que alcança sua meta, a Média joga a Baixa na sua velha posição servil e transforma-se em Alta. Dentro em breve uma nova classe Média se separa dos outros grupos, de um deles ou de ambos, e a luta recomeça. Das três classes, só a Baixa nunca consegue nem êxito temporário na obtenção dos seus ideais." (ORWELL, 1948) [2]

É estranho que o artigo preze pela não-reeleição de Lula ao final. Será que Jabor não sabia que o sistema “democrático” brasileiro apresenta somente um reduzido numero de candidatos pré-selecionados para que escolhamos entre A e B? E será que ele não sabia que assim estava pedindo voto para Geraldo Alckmin, candidato da oposição? E será que Jabor tinha a inocência de que a corrupção era única ao governo Lula e que o nosso grandioso sistema eleitoral poderia acabar com isso? Ao que parece o cineasta segue a linha política dos mecanismos que lhe empregam, e as entre-linhas do seu texto parece guardar uma ferrenha discussão entre classes políticas que refletem razoável parcela do mecanismo social, e talvez possamos encaixar Jabor no texto do Orwell, na parte em que clama às massas a luta por “justiça e liberdade”, como se fosse um arauto da verdade. E será mesmo então que se Lula fosse reeleito a novilingua estaria consagrada? Ela parece muito presente nas palavras do próprio Jabor.
E mais uma vez repetindo, não se trata de defesa a Lula, comprovadamente seu governo cometeu sérios atos de corrupção (assim como quase todos os outros, talvez o que nunca tenha cometido seja Tancredo Neves), se trata de defender uma linha cética de análise política. Não existem “bonzinhos” nem “mauzinhos” na política, ali a ética é outra, é todo um outro mundo, deve-se estar atento ao que cada setor da sociedade pretende dizer, principalmente através dos seus pseudo-intelectuais. O recado que deixo então é o seguinte: cuidado dissidentes, a alienação pode percorrer até as mais altas mentes....

Abraço a todos, Gabriel Leão

[1] Carioca nascido em 1940, o cineasta e jornalista Arnaldo Jabor já foi técnico de som, crítico de teatro, roteirista e diretor de curtas e longas metragens. Na década de 90, por força das circunstâncias ditadas pelo governo Fernando Collor de Mello, que sucateou a produção cinematográfica nacional, Jabor foi obrigado a procurar novos rumos e encontrou no jornalismo o seu ganha-pão. Estreou como colunista de O Globo no final de 1995 e mais tarde levou para a TV Globo, no Jornal Nacional e no Bom Dia Brasil, o estilo irônico com que comenta os fatos da atualidade brasileira.

[2] ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1998. pág. 194

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Concurso

Este concurso da Editorea Abril desafia você a traduzir em uma imagem a sua visão sobre sustentabilidade.

http://planetasustentavel.abril.com.br/concursos/fotos/

Galera, quero ver um de nós ganhar este concurso hein!!
Vamos lá, arregaçar as mangas, brain storm (como fazemos já, bastante) e mão a obra!

Bem, como estamos chegando a conclusão de que a sustentabilidade é um mito e que o carrinho vai bater mesmo, hehehe, as fotos podem ser melhores ainda.

Este é pro Ricardo!! E pro Gabriel!! hehehe
A foto do Gabriel vai ser o cogumelo das bombas atômicas japonesas!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Arnaldo Jabor expulso da CBN por causa do texto abajo

A VERDADE ESTÁ NA CARA, MAS NÃO SE IMPÕE (JABOR)

O que foi que nos aconteceu? No Brasil, estamos diante de acontecimentos inexplicáveis, ou melhor, “explicáveis” demais. Toda a verdade já foi descoberta, todos os crimes provados, todas as mentiras percebidas. Tudo já aconteceu e nada acontece. Os culpados estão catalogados, fichados, e nada rola. A verdade está na cara, mas a verdade não se impõe. Isto é uma situação inédita na História brasileira.

Claro que a mentira sempre foi a base do sistema político, infiltrada no labirinto das oligarquias, claro que não esquecemos a supressão, a proibição da verdade durante a ditadura, mas nunca a verdade foi tão límpida à nossa frente e, no entanto, tão inútil, impotente, desfigurada, broxa.

Os fatos reais: com a eleição de Lula, uma quadrilha se enfiou no governo e desviou bilhões de dinheiro público para tomar o Estado e ficar no poder 20 anos. Os culpados são todos conhecidos, tudo está decifrado, os cheques assinados, as contas no estrangeiro, os tapes , as provas irrefutáveis, mas o governo psicopata de Lula nega e ignora tudo. Questionado ou flagrado, o psicopata não se responsabiliza por suas ações. Sempre se acha inocente ou vítima do mundo, do qual tem de se vingar. O outro não existe para ele e não sente nem remorso nem vergonha do que faz. Mente compulsivamente, acreditando na própria mentira, para conseguir poder. Este governo é psicopata.

Seus membros riem da verdade, viram-lhe as costas, passam-lhe a mão na bunda. A verdade se encolhe, humilhada, num canto.

E o pior é que o Lula, amparado em sua imagem de “povo”, consegue transformar a Razão em vilã, as provas contra ele em acusações “falsas”, sua condição de cúmplice e comandante em “vítima”. E a população ignorante engole tudo.

Como é possível isso? Simples: o Judiciário paralítico entoca todos os crimes na fortaleza da lentidão e da impunidade. Só daqui a dois anos serão julgados os indiciados — nos comunica o STF. Os delitos são esquecidos, empacotados, prescrevem. A Lei protege os crimes e regulamenta a própria desmoralização. Jornalistas e formadores de opinião sentem-se inúteis, pois a indignação ficou supérflua. O que dizemos não se escreve, o que escrevemos não se finca, tudo quebra diante do poder da mentira desse governo. Sei que este é um artigo óbvio, repetitivo, inútil, mas tem de ser escrito...

Está havendo uma desmoralização do pensamento. Deprimo-me: “Denunciar para quê, se indignar com quê? Fazer o quê?”. A existência dessa estirpe de mentirosos está dissolvendo a nossa língua. Este neocinismo está a desmoralizar as palavras, os raciocínios. A língua portuguesa, os textos nos jornais, nos blogs, na TV, rádio, tudo fica ridículo diante da ditadura do lulo-petismo . A cada cassado perdoado, a cada negação do óbvio, a cada testemunha, muda, aumenta a sensação de que as idéias não correspondem mais aos fatos! Pior: que os fatos não são nada — só valem as versões, as manipulações.

No último ano, tivemos um único momento de verdade, louca, operística, grotesca mas maravilhosa, quando o Roberto Jefferson abriu a cortina do país e deixou-nos ver os intestinos de nossa política.

Depois surgiram dois grandes documentos históricos: o relatório da CPI dos Correios e o parecer do procurador-geral da República. São verdades cristalinas, com sol a pino. E, no entanto, chegam a ter um sabor quase de “gafe”. Lulo-petistas clamam: “Como é que a Procuradoria Geral, nomeada pelo Lula, tem o desplante de ser tão clara! Como que o Osmar Serraglio pode ser tão explícito, e como o Delcídio Amaral não mentiu em nome do PT? Como ousaram ser honestos?”.

Sempre que a verdade eclode, reagem. Quando um juiz condena rápido, é chamado de “exibicionista”. Quando apareceu aquela grana toda no Maranhão (lembram, filhinhos?), a família Sarney reagiu ofendida com a falta de “finesse” do governo de FH, que não teve a delicadeza de avisar que a polícia estava chegando...

Mas agora é diferente. As palavras estão sendo esvaziadas de sentido. Assim como o stalinismo apagava fotos, reescrevia textos para coonestar seus crimes, o governo do Lula está criando uma língua nova, uma novi-língua empobrecedora da ciência política, uma língua esquemática, dualista, maniqueísta, nos preparando para o futuro político simplista que está se consolidando no horizonte. Toda a complexidade rica do país será transformada em uma massa de palavras de ordem, de preconceitos ideológicos movidos a dualismos e oposições, como tendem a fazer o populismo e o simplismo. Lula será eleito por uma oposição mecânica entre ricos e pobres, dividindo o país em “a favor” do povo e “contra”, recauchutando significados que não dão mais conta da circularidade do mundo atual. Teremos o “sim” e o “não”, teremos a depressão da razão de um lado e a psicopatia política de outro, teremos a volta da oposição mundo x Brasil, nacional x internacional. A esquematização dos conceitos, o empobrecimento da linguagem visa à formação de um novo ethos político no país, que favoreça o voluntarismo e legitime o governo de um Lula 2 e um Garotinho depois.

Assim como vivemos (por sorte...) há três anos sem governo algum, apenas vogando ao vento da bonança financeira mundial, só espero que a consolidação da economia brasileira resista ao cerco político-ideológico de dogmas boçais e impeça a desconstrução antidemocrática. As coisas são mais democráticas que os homens.

Alguns otimistas dizem: “Não... este maremoto de mentiras nos dará uma fome de verdades!”. Não creio. Vamos ficar viciados na mentira corrente, vamos falar por antônimos. Ficaremos mais cínicos, mais egoístas, mais burros.

O Lula reeleito será a prova de que os delitos compensaram. A mentira será verdade, e a novi-língua estará consagrada.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Lula na ONU: avareza dos países ricos põe a Terra à beira de uma catástrofe

"É preciso reverter essa lógica aparentemente realista e sofisticada, mas na verdade anacrônica, predatória e insensata, da multiplicação do lucro e da riqueza a qualquer preço", afirmou o president Lula, na terça-feira, no discurso de abertura da 62ª Assembléia-Geral das Nações Unidas, ao criticar o que ele chamou de "cobiça irrefletida" dos países ricos.

"Há preços que a Humanidade não pode pagar, sob pena de destruir as fontes materiais e espirituais da existência coletiva, sob pena de destruir-se a si mesma", alertou. "A perenidade da vida não pode estar à mercê da cobiça irrefletida", prosseguiu. "Não nos iludamos: se o modelo de desenvolvimento global não for repensado, crescem os riscos de uma catástrofe ambiental e humana sem precedentes", completou.

"Se queremos salvar o patrimônio comum", argumentou Lula, "impõe-se uma nova e mais equilibrada repartição das riquezas, tanto no interior de cada país como na esfera internacional". "O mundo não modificará a sua relação irresponsável com a natureza sem modificar a natureza das relações entre o desenvolvimento e a justiça social", enfatizou.

"A eqüidade social é a melhor arma contra a degradação do Planeta", apontou. "Cada um de nós deve assumir sua parte nessa tarefa. Mas não é admissível que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da Terra", defendeu. Para o presidente Lula, "os países mais industrializados devem dar o exemplo". "É imprescindível que cumpram os compromissos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto", cobrou.

"O Brasil tem feito esforços notáveis para diminuir os efeitos da mudança do clima. Basta dizer que, nos últimos anos, reduzimos a menos da metade o desmatamento da Amazônia", afirmou. "Um resultado como este não é obra do acaso. "Os êxitos recentes são fruto da presença cada vez maior e mais efetiva do Estado brasileiro na região, promovendo o desenvolvimento sustentável", disse Lula, frisando que "o país não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania e nem de suas responsabilidades sobre a Amazônia".

Ele propôs a realização de uma reunião mundial no Rio em 2012 – "Rio + 20", para avaliar a situação ambiental da Humanidade e apresentou o projeto dos biocombustíveis, no qual o Brasil encontra-se na vanguarda. "O mundo precisa, urgentemente, de uma nova matriz energética", destacou. "Os biocombustíveis são vitais para construí-la", acrescentou, lembrando que "eles reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa". "No Brasil, com a utilização crescente e cada vez mais eficaz do etanol, evitou-se, nesses 30 últimos anos, a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera", explicou.

Sobre os impasses na rodada de Doha, Lula cobrou dos países ricos o fim dos subsídios agrícolas. "São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas, que enriquecem os ricos e empobrecem os mais pobres", denunciou. "É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência e o subdesenvolvimento. O Brasil não poupará esforços para o êxito das negociações, que devem beneficiar sobretudo os países mais pobres".
Ao terminar seu discurso, Lula fez uma homenagem ao pintor brasileiro, Cândido Portinari, pelos 50 anos dos murais do artista brasileiro, expostos na sede da ONU em Nova Iorque (veja matéria na página 8). "Ao entrar neste prédio, os delegados podem ver uma obra de arte presenteada pelo Brasil às Nações Unidas há 50 anos. Trata-se dos murais 'Guerra' e 'Paz', pintados pelo grande artista brasileiro Cândido Portinari", disse. "Não é por acaso que o mural 'Guerra' está colocado de frente para quem chega, e o mural 'Paz', para quem sai", prosseguiu Lula. "A mensagem do artista é singela, mas poderosa: transformar aflições em esperança, guerra em paz, é a essência da missão da ONU", assinalou. "O Brasil continuará a trabalhar para que essa expectativa tão elevada se torne definitivamente realidade", finalizou.

http://horadopovo.com.br/

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sites de Think Tanks

Sites de alguns think tanks bacanas para a gente se espelhar, e até por que não cooperar.

Gabriel, gostei de nossa conversa ontem, acho que você pode ver um caminho interessante nessas porras. Se precisar de ajuda com o inglês! (ainda não sei como remuneraria diretamente, mas indiretamente, tem esses direitistas na área)

http://www.iftf.org/

http://www.foet.org/

http://www.ifhc.org.br/Home.aspx

Os Ianques Somos Nós

Os ianques somos nós

A radicalização na América do Sul fez o Brasil despertar para a verdade de que, em alguns países, os ianques somos nós

O PRESIDENTE do Equador anuncia renegociação com a Petrobras e seus auxiliares insinuam que o contrato pode ser anulado. Será fato isolado, explicável pelas circunstâncias? Ou faz parte de padrão que se repete em todos os movimentos radicais no poder na América do Sul? A tendência irrompeu com estrondo em 1º de maio de 2006, com o anúncio da nacionalização do gás e das refinarias da Petrobras na Bolívia. Desde então, confirmados ou não, os sustos originados no país vizinho nunca se interromperam: expulsão de siderúrgica privada, anulação de contrato com construtora, ameaças a fazendeiros brasileiros, alusões levianas ao passado do Acre, resistência à construção de hidrelétricas no rio Madeira, queixas contra o tratamento a imigrantes bolivianos, multas milionárias à Petrobras por delitos negados pela companhia. A lista é exemplificativa apenas e não pretende negar que o governo de La Paz possa ter razão em algumas dessas situações. A siderúrgica, por exemplo, transferiu-se para Mato Grosso do Sul, onde estaria devastando a mata nativa para fazer carvão. O crime ambiental era justamente o que censuravam à empresa as autoridades bolivianas, mais zelosas que as nossas do ambiente. No Paraguai, não só o favorito nas pesquisas eleitorais mas amplos setores da opinião querem subverter as bases de Itaipu, projeto com 30 anos de vida. Curioso é que, no mais radical dos sul-americanos, a Venezuela, tenha-se evitado até agora o choque direto com interesses brasileiros, embora sejam notórias as dificuldades entre a petrolífera local, a PDVSA, e a Petrobras.O padrão aqui é mais indireto e sub-reptício. À medida que esfria o relacionamento entre Chávez e Lula, tornando raras as visitas e conversas, a ação do venezuelano se faz mais incômoda no entorno sensível do Brasil. Municípios e até quartéis da Bolívia e do Paraguai de repente se vêm aquinhoados por cheques de petrodólares bolivarianos. Dir-se-á que não há nada de mal, não passando de ajuda desinteressada, busca natural de prestígio e influência. Mas até quartéis paraguaios? Não haveria prioridades mais óbvias ou menos provocativas? A radicalização da política sul-americana fez o Brasil despertar para verdade desagradável: em alguns países, os ianques somos nós. A presença brasileira quase sempre dependeu da ação do Estado, direta (Itaipu, Petrobras) ou indireta (construtoras financiadas pelo BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). No momento em que líderes radicais reescrevem as constituições e redefinem a ordem socioeconômica, o Brasil descobre que faz parte do status quo em contestação. A mudança pode vir em nome das massas excluídas. Nem por isso é menos desconfortável para nós. O governo brasileiro não é culpado das tendências da história. Salvo por obra de alguns aprendizes de feiticeiro em diplomacia: favoreceram a subida de Chávez e Morales e estimularam novas agressões pela incapacidade de defender os direitos nacionais. As conseqüências são de duas ordens. De um lado, desapareceram as condições para projetos de integração energética e até os existentes correm perigo. Do outro, região vital, a única de nossa influência direta, virou campo minado. A diplomacia na região não funciona e faz água por todo lado. O Itamaraty conseguirá mudá-la quando ela continua dominada pelos aprendizes de feiticeiro?

RUBENS RICUPERO, 70, diretor da Faculdade de Economia da Faap e do Instituto Fernand Braudel de São Paulo, foi secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) e ministro da Fazenda (governo Itamar Franco)

Dados e análises

POvo, segue aqui um link para a pagina da FGV-RIo cheio, mas cheio mesmo, de dados e analises sobre a realidade sócio-economica brasileira. Inclui vasta analise dos programas sociais e estrutura de politicas publicas do atual governo, sobre os quais tive uma conversa com o Laudson ontem. Pra quem gosta vai ficar doido..rs

http://www.fgv.br/cps/

Tenho uns outros textos aqui mas gostaria que alguem me explicasse como se posta um PDF...

abraço a todos, Gabriel Leão