quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Lula na ONU: avareza dos países ricos põe a Terra à beira de uma catástrofe

"É preciso reverter essa lógica aparentemente realista e sofisticada, mas na verdade anacrônica, predatória e insensata, da multiplicação do lucro e da riqueza a qualquer preço", afirmou o president Lula, na terça-feira, no discurso de abertura da 62ª Assembléia-Geral das Nações Unidas, ao criticar o que ele chamou de "cobiça irrefletida" dos países ricos.

"Há preços que a Humanidade não pode pagar, sob pena de destruir as fontes materiais e espirituais da existência coletiva, sob pena de destruir-se a si mesma", alertou. "A perenidade da vida não pode estar à mercê da cobiça irrefletida", prosseguiu. "Não nos iludamos: se o modelo de desenvolvimento global não for repensado, crescem os riscos de uma catástrofe ambiental e humana sem precedentes", completou.

"Se queremos salvar o patrimônio comum", argumentou Lula, "impõe-se uma nova e mais equilibrada repartição das riquezas, tanto no interior de cada país como na esfera internacional". "O mundo não modificará a sua relação irresponsável com a natureza sem modificar a natureza das relações entre o desenvolvimento e a justiça social", enfatizou.

"A eqüidade social é a melhor arma contra a degradação do Planeta", apontou. "Cada um de nós deve assumir sua parte nessa tarefa. Mas não é admissível que o ônus maior da imprevidência dos privilegiados recaia sobre os despossuídos da Terra", defendeu. Para o presidente Lula, "os países mais industrializados devem dar o exemplo". "É imprescindível que cumpram os compromissos estabelecidos pelo Protocolo de Quioto", cobrou.

"O Brasil tem feito esforços notáveis para diminuir os efeitos da mudança do clima. Basta dizer que, nos últimos anos, reduzimos a menos da metade o desmatamento da Amazônia", afirmou. "Um resultado como este não é obra do acaso. "Os êxitos recentes são fruto da presença cada vez maior e mais efetiva do Estado brasileiro na região, promovendo o desenvolvimento sustentável", disse Lula, frisando que "o país não abdica, em nenhuma hipótese, de sua soberania e nem de suas responsabilidades sobre a Amazônia".

Ele propôs a realização de uma reunião mundial no Rio em 2012 – "Rio + 20", para avaliar a situação ambiental da Humanidade e apresentou o projeto dos biocombustíveis, no qual o Brasil encontra-se na vanguarda. "O mundo precisa, urgentemente, de uma nova matriz energética", destacou. "Os biocombustíveis são vitais para construí-la", acrescentou, lembrando que "eles reduzem significativamente as emissões de gases de efeito estufa". "No Brasil, com a utilização crescente e cada vez mais eficaz do etanol, evitou-se, nesses 30 últimos anos, a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera", explicou.

Sobre os impasses na rodada de Doha, Lula cobrou dos países ricos o fim dos subsídios agrícolas. "São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas, que enriquecem os ricos e empobrecem os mais pobres", denunciou. "É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência e o subdesenvolvimento. O Brasil não poupará esforços para o êxito das negociações, que devem beneficiar sobretudo os países mais pobres".
Ao terminar seu discurso, Lula fez uma homenagem ao pintor brasileiro, Cândido Portinari, pelos 50 anos dos murais do artista brasileiro, expostos na sede da ONU em Nova Iorque (veja matéria na página 8). "Ao entrar neste prédio, os delegados podem ver uma obra de arte presenteada pelo Brasil às Nações Unidas há 50 anos. Trata-se dos murais 'Guerra' e 'Paz', pintados pelo grande artista brasileiro Cândido Portinari", disse. "Não é por acaso que o mural 'Guerra' está colocado de frente para quem chega, e o mural 'Paz', para quem sai", prosseguiu Lula. "A mensagem do artista é singela, mas poderosa: transformar aflições em esperança, guerra em paz, é a essência da missão da ONU", assinalou. "O Brasil continuará a trabalhar para que essa expectativa tão elevada se torne definitivamente realidade", finalizou.

http://horadopovo.com.br/

Um comentário:

Anônimo disse...

Só pra mostrar uma matéria pra vcs, que eu li e fiquei encucada. Pra mim isso é uma forma de concordância tácita... uma indução a achar que jogar entulho no mar pode ser rentável.

http://www.ambientebrasil.com.br/noticias/index.php3?action=ler&id=33834