sábado, 22 de setembro de 2007

Texto em tres partes - A hipocrisia liberal

Ha alguma reuniões atrás defendi a tese contra o credito de carbono e outras "cositas más", ponho agora meus argumentos numa serie de tres textos que pretendo publicar a medida da minha motivação e do meu tempo.




Abraço a Todos, Gabriel Leão



A Hipocrisia Liberal e o Debate do Aquecimento Global

Sem sombra de dúvida entramos através do século XXI naquela que pode ser a maior crise de recursos da história. O aquecimento global é real, e já pode ser sentido na pele. No entanto, quando se espera que diante de tamanho risco, sejam tomadas atitudes enérgicas, mais uma vez eclode o velho oportunismo político, recheado de falácias, que de tão bem fundamentadas convencem até aqueles que as criou, de que são reais suas intenções apresentadas.
Quando foram criados os créditos de carbono, objetivou-se a diminuição da emissão de gases poluentes causadores do efeito estufa na atmosfera. Bem, “economisticamente”, este objetivo tem que ser analisado da seguinte forma:

1. Em qual taxa é necessário diminuir a emissão de tais gases na atmosfera para que se minimize a crise febril do planeta?
2. O quanto mais próximo podemos chegar desta taxa?
3. Quais são os custos individuais e coletivos deste ponto ótimo?
4. Por fim, qual a menor combinação de custos toleráveis e a proximidade das taxas mínimas?

À primeira vista parece bem simples, uma vez que já temos respostas razoáveis para os dois primeiros pontos. No entanto, o grande problema está no terceiro e no quarto apontamento.

Em defesa do American Way of Life


No entanto, tem se tornado bem claro que a concepção de custos de cada nação, e basicamente de cada individuo, são bem diferentes entre si. Num extremo estão os países desenvolvidos com claro destaque para os EUA e os Bric’s (Brasil, Rússia, Índia e China – sim o Brasil está incluído nesta Nova Ordem Internacional), no outro extremo temos os miseráveis do mundo, que com sua força de trabalho e seus recursos naturais mantém o padrão de vida dos primeiros – são exemplos claros a África e boa parte da América Latina.
Os padrões de vida, que comumente se empregam como ocidentais mas que já ocupam quase todo oriente, dependem diretamente do modelo industrial de produção, responsável pela maior parte da emissão de gases poluentes. Esta emissão ocorre em três vias principais:
1. Queima de combustível no capital fixo (as famosas chaminés são exemplos)
2. Queima de combustível para transporte
3. Emissão de gases derivados do lixo
Hoje, é impossível ser mantido o padrão de vida médio dos paises desenvolvidos e das elites dos Bric’s sem os dois primeiros componentes e sem a grande produção de resíduos. No entanto, o planejamento de crédito de carbonos parece ignorar todas essas variáveis principais, e se atenta a como dar uma resposta ao mundo e manter o “Status Quo”. A compra de créditos de carbono é um incentivo para que se queimem ainda mais combustíveis fósseis, já que essa queima passa a ser feita sob a ilusão de que ela, na realidade, é livre de custos para a atmosfera. É também uma maneira de os ricos exportarem os custos e sacrifícios reais do controle da poluição para os setores mais pobres do planeta no Terceiro Mundo. Tudo isso para que piscinas possam ser aquecidas e lamborghinis possam ser dirigidas com consciência tranqüila nas partes mais ricas do mundo. No mundo, temos 6 bilhões de pessoas, e apenas 1 bilhão afeta o aquecimento global. Só que o restante quer passar para o lado de cá, quer andar de avião, ter carro, e cada vez mais pessoas terão essas coisas.
As fabricas que constantemente são abertas na China e na Índia (livres de cotas de poluição) o são feitas com níveis absurdos de poluição para que, posteriormente, se lucre com a redução para níveis normais de emissão de gases. No Brasil, a hipocrisia se faz no momento em que o Brasil se nega a participar de metas claras de redução da emissão de gases e reflorestamento sob o pretexto de “quem polui que limpe”, ou seja, os maiores poluidores como EUA e Japão devem tomar a iniciativa. Este discurso, abonado por China, Índia e México é falso, não só porque por esse lados se produz sim muita poluição, como também nesses centros está a manutenção do capitalismo global, e esses paises tem clara ação imperialista nas suas regiões, cite-se como exemplo, a Petrobrás na América Latina. Dessa maneira, é impossível estabelecer metas de otimização de custos e objetivos uma vez que exista para cada um dos paises desenvolvidos e dos novos ricos metas diferentes a serem alcançadas.

Enquanto se Discute as Mudanças Ocorrem

Ao que alguns acontecimentos recentes indicam, os últimos relatórios das mudanças climáticas erraram, só que foi para menos. Ou seja, muitos dos problemas começaram ou vão começar antes do que se supunha. São exemplos claros o ritmo do degelo no pólo norte, a alta de temperatura global, principalmente nos trópicos. No entanto, podemos atentar à alguns procedimentos estranhos. Estudos revelam que a temperatura na região do Pólo Norte sobe com velocidade maior em relação a outras partes da Terra. O resultado disso, segundo os cientistas, é que o continente está derretendo e, em 50 anos, o gelo pode sumir durante o verão. Um efeito irônico desse fenômeno é que ele pode estar garantindo também a sobrevivência por mais tempo da mesma matriz energética que gerou o atual problema climático. A diminuição das áreas cobertas por gelo facilita a exploração de poços de petróleo e gás até hoje considerados inacessíveis. Estima-se que o Pólo Norte tenha 25% das reservas mundiais de petróleo — ou cerca de 500 bilhões de barris. De olho nas oportunidades que se avizinham, empresas como Shell, BP, Statoil e Transneft deram a largada na corrida para explorar as riquezas escondidas sob o gelo.
Como e muitos momentos da história, mais uma vez podemos estar frente a uma falácia global em nome de interesses específicos. O problema maior está na fortificação que essas falácias obtêm na medida em que dados históricos são distorcidos.


imagem de 21/09/2007 do degelo no ártico - Reuters/Nasa
(já passa de 1 milhão de quilometros quadrados a area descongelada)


Continua...




Um comentário:

Lau M. disse...

Bom o texto!! solta a continuação ae